Vistoria surpresa: MPSC aponta problemas graves em pronto-atendimento investigado no caso Sofia

O Ministério Público de Santa Catarina identificou pelo menos três irregularidades no pronto-atendimento de Barra Velha, investigado no caso Sofia. Entre eles, estão a falta de um diretor técnico, a ausência de um laboratório para exames e o baixo número de médicos em alguns horários do dia.

Em vistoria surpresa, MPSC encontra problemas em pronto-atendimento investigado no caso Sofia – Foto: Google Maps/Divulgação/ND

Os problemas foram descobertos durante uma fiscalização surpresa feita nessa quarta-feira (10) na unidade. A vistoria fez parte de uma investigação aberta pelo Ministério Público após a morte de Sofia Emanueli Ribeiro, de 4 anos, por dengue grave no último dia 31.

A família denuncia negligência médica. A mãe Ana Maria conta que buscou atendimento para a filha duas vezes e foi liberada. Na terceira, o estado de saúde de Sofia já era grave demais. Ela chegou a ser transferida para um hospital vizinho, mas não sobreviveu.

Menina de 4 anos morre com suspeita de dengue em SC e mãe denuncia negligência médica – Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação/ND

Vistoria surpresa no pronto-atendimento

A fiscalização surpresa no PA de Barra Velha foi conduzida pelo promotor de Justiça Renato Maia de Faria e técnicos do CRM (Conselho Regional de Medicina).

“A primeira irregularidade mais urgente que nós identificamos foi a respeito de um diretor técnico na unidade. Havia uma indicação, mas ele efetivamente não estava presente diariamente naquela unidade”, destacou o promotor.

O MPSC deu prazo de 48 horas para a indicação de um nome por parte da administração municipal.

Outra deficiência encontrada pelas autoridades no local foi a ausência de laboratórios para a realização imediata de exames. “Muitas vezes os pacientes chegam ao pronto-atendimento em situação de enfarte ou outros casos graves e precisam de um exame laboratorial com urgência para que o profissional de saúde defina o encaminhamento”, explicou Maia.

O promotor deu um prazo de 10 dias para a prefeitura instalar um laboratório no local ou realizar um convênio com laboratórios da região.

Além disso, um terceiro ponto chamou a atenção durante a fiscalização: a falta de médicos. “Preciso registrar que houve a melhora do atendimento de médicos, temos quatro médicos integrais ali, mas o conselho a partir de uma classificação de risco técnica indicou que havia a necessidade de mais dois profissionais, um para atender das 10h às 22h, e outro do meio-dia à 0h”.

Após a fiscalização, o promotor se reuniu com o prefeito e secretário municipal de Saúde e avaliou o encontro como positivo. “Consigo ver um sinal muito positivo para a melhora do atendimento à população no PA de Barra Velha”.

O prazo estabelecido para a unidade atuar em conformidade com o que determinou o conselho é de 30 dias. “Vou acompanhar cada um desses prazos para verificar quais são as medidas cabíveis caso eles não sejam respeitados”, garantiu.

A Prefeitura de Barra Velha, contudo, comprometeu-se a fazer a correção dos problemas apontados no prazo de 15 dias. “Estamos com a contratação de novas equipes. Vivemos um momento muito crítico na Saúde de Barra Velha e do Estado por causa da epidemia da dengue”, disse o prefeito Daniel Pontes da Cunha.

“Temos um chamamento público aberto em relação aos exames, infelizmente pelo índice da tabela, não se credenciam pelo valor ser baixo, achamos algumas alternativas junto ao MP para poder buscar soluções e resolver a grande deficiência dentro do município de Barra Velha”, continuou.

Investigação do caso Sofia

O médico responsável pelo atendimento da menina já havia sido afastado preventivamente do cargo e o então secretário de Saúde exonerado após uma multidão protestar em frente ao pronto-atendimento.

Protesto aconteceu na unidade de pronto-atendimento de Barra Velha – Foto: Divulgação/ND

“Hoje quem responde pela secretaria de Saúde é o diretor interino Mauricio Coimbra, que já tem experiência na pasta”, comentou o prefeito.

A Polícia Civil também conduz um inquérito para investigar o caso. Até agora, a mãe de Sofia e mais uma testemunha já prestaram depoimento e outras pessoas ainda devem ser ouvidas. A investigação também espera o resultado de alguns laudos periciais.

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